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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

CASAMENTO CELIBATÁRIO

             O casamento celibatário é aquele onde o casal, mesmo sentindo amor e atração, já não sente mais a necessidade de sexo. 

              Freud sempre considerou o homem como um animal sexual. Em seus livros ele prega que o sexo é vital e que ninguém pode sobreviver sem ele. É evidente que essa afirmação é exagerada, pois o número de casais que vivem felizes e sem sexo é muito grande. 

            Do ponto de vista biológico, o casamento é uma necessidade para a reprodução da espécie. Quando falo a palavra "casamento" estou me referindo á vida conjugal de um casal - homem e mulher e não à cerimônia nupcial. Por outro lado, a reprodução sexual  trouxe consigo a necessidade evolutiva da morte. É a clássica renovação que se dá para que o idoso ceda seu lugar a um jovem com capacidade para reproduzir. Sem considerar as implicações metafísicas ou religiosas do tema, há clara visão das razões naturais da morte e a necessidade para unir os sexos e garantir a continuidade das espécies.

            Os seres unicelulares - não sexuados - que povoaram os mares  primitivos da Terra não tinham necessidade de morrer. Morriam apenas por razões acidentais, como mudanças nas condições ambientais ou falta de alimento. Os parentes mais próximos desses seres, que ainda hoje sobrevivem , são as bactérias que,de certa forma, são virtualmente imortais uma vez que nunca envelhecem. Já as células humanas saudáveis cultivadas em laboratório não apresentam a mesma vitalidade. Reproduzem-se algumas vezes e depois para e morrem. A diferença está no fato de que a bactéria  é sua própria célula reprodutiva. Ela não precisa de sexo para passar seu DNA ás próximas gerações; basta realizar uma divisão celular para produzir outra bactéria, exatamente idêntica a ela. Entretanto, há ceres pluricelulares que se reproduzem por meio do sexo como os humanos, e são um tanto mais complicados. Seus corpos são constituídos de trilhões de células com especialidades distintas, que compõem diferentes tecidos e órgãos. Toda essa complicada máquina está a serviço de umas poucas células especiais chamadas germinativas - o óvulos e espermatozoides, que conjugados produzem uma vida garantindo que o DNA seja transmitido adiante. 

             Na medida em que envelhecemos, a manutenção do corpo saudável torna-se cara, biologicamente falando. As células reprodutivas já cumpriram, ou pelo menos tiveram a chance de cumprir sua missão e não há mais sentido em se conservarem e deixam de se renovar. As células velhas acabam morrendo, em um processo chamado "Apoptose" - morte programada, uma espécie de suicídio celular. Aos poucos, o corpo como um todo vai envelhecendo e também morre. 

             Do ponto de vista afetivo, tudo é mais simples e fácil de entender. Ao envelhecermos, os hormônios reprodutivos tendem  a se acalmar. Há uma quietude natural que desvia as atenções  para outros prazeres da vida. Tomemos como exemplo a mulher; o envelhecimento produz uma diminuição gradual da resposta sexual, embora mulheres em idade avançada seja capazes de ter  orgasmos. Pouco antes da menopausa começa a lenta reprodução dos níveis de estrógeno, afinando os tecidos da vagina - que então demora mais a ficar lubrificada para a penetração. Ao parar de menstruar, o nível de testosterona, hormônio responsável diretamente  pelo desejo, reduz em cerca de dois terços. O amor, antes forjado pelo intenso desejo, agora se torna fraternal, mas muito mais intenso. Nessas condições os parceiros podem tornarem-se celibatários e continuarem juntos e muito felizes. 

           Quando somos jovens nossos pensamentos estão sempre ocupados com a sexualidade. É natural porque estamos na fase  reprodutiva. Nesse período da vida, um casamento de muito tédio e pouco sexo, transforma o leito conjugal num templo de monotonia. 

             Pesquisas recentes apontam o sexo - heterossexual  ou homossexual - como a área de maior atrito entre os casais. Mais de 90% das separações acontecem porque não há mais entendimento na cama. As mulheres culpam os homens de as tratarem como objetos e esses se queixam da frieza de  suas parceiras. Quando um casal - não interessa se homo ou heterossexual - tem relações, o que acontece na maioria das vezes é que cada um se preocupa com seu prazer sem pensar no parceiro. No fundo cada um considera  que o outro lhe pertence. Trata aquela pessoa como se fosse sua propriedade e não quer dividi-la com ninguém. Em resumo, ele não quer ter relações sexuais com seu parceiro ou parceira, mas também não permite que este tenha com outro ou outra parceira. Isso gera ciúme, irritação e brigas. Muitas delas extremamente violentas. Seria muito mais justo e inteligente que houvesse liberdade, com responsabilidade. 

              Depois do evento da pílula anticoncepcional, o sexo liberou os instintos individuais e passou a ser maus uma forma de lazer. Esse lazer se transformou numa grande indústria sexual que envolve bilhões de dólares em todo o mundo. 

            Todos envelhecemos e, portanto, todos seremos celibatários. Alguns mais cedo, outros mais tarde. O foco das prioridades muda radicalmente e o sexo, que antes era prioridade, entra para as estatísticas como um prazer eventual e muito mais movido pelo amor fraternal do que pelo sexual. O importante para ser feliz é saber aproveitar cada fase da vida. Manter a vitalidade durante toda a vida significa estar disposto a reavaliar constantemente seu modo de pensar sobre as coisas que fazem parte do seu dia-a-dia. E isto começa, por exemplo, desde o perfume e o sabonete que usa à rotina do seu casamento. Implica em permanecer aberto a novas experiências, enfrentar desafios, preocupar-se mais em aprender do que em estar certo. Não importa se você está com 20, 50 ou 80 anos, a chave para pensar a vida está na flexibilidade. Manter-se envolvido e entusiasmado - em vez de deixar ser levado monotonamente ao sabor da correnteza; o caminho mais curto para embotar o cérebro é sepultar-se noite e dia em frente  da TV. O que nos mantém jovens e atraentes à medida que vamos ficando mais velhos são os nossos interesses - ler, escrever, cozinhar, cuidar de plantas e animais, ficar às voltas com as crianças e qualquer outra atividade de que se goste. 

             Até recentemente os cientistas acreditavam que as células do cérebro, ao contrário das outras do corpo, perdiam a capacidade de se regenerar e milhares eram perdidas todos os dias. Isso significa que o cérebro, como o corpo, ia perdendo a eficiência com a idade. Estudos recentes realizados por especialistas em envelhecimento provaram que as células do cérebro e os neurônios podem regenerar-se sim.  Cérebros continuamente expostos a um ambiente  rico em estímulos - companhia inteligente, novos desafios, novas ideias - tem um desempenho melhor até do que cérebros mais jovens. Mantendo-nos ativos e pensantes podemos conseguir que nossos cérebros continuem brilhantes e jovens até o último dia de nossas vidas. 

Nicéas Romeo Zanchett 

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