No princípio a sexualidade humana foi selvagem. Milhões de anos se passaram desde então, mas a ciência não para de trazer à tona indícios de que o comportamento sexual humano, tal como se conhece hoje, segue fundamentalmente os mesmos mecanismos ancestrais. Mas agora há uma nova revolução em curso na ciência. Ela prega que, se estamos aqui é porque cada um de nós é fruto de uma sequência evolutiva ininterrupta, que já dura milhões de anos, de relacionamentos bem sucedidos entre homens e mulheres.
O naturalista Charles Darwin, em sua "Origem das Espécies", afirmou que a sobrevivência pertence aos mais aptos, e que é para sobreviver no seu habitat que as espécies mudam e se adaptam. Visto apenas sob esse prisma, o cérebro humano seria uma máquina de resolver problemas ligados à sobrevivência, e o sexo não passaria de uma decorrência dessa necessidade.
Até bem pouco tempo se entendia que o cérebro humano teria se desenvolvido extraordinariamente para adaptar-se ao seu habitat. Mas esta habilidades humanas perduram e ficaram cada vez mais elaboradas, e isso acontece porque elas tem alguma função biológica direta. Homens e mulheres são guiados, em grande parte, pelos aspectos biológicos. O cérebro está sempre criando novas táticas de conquista e seleção sexual, ou seja, somos assim para poder melhor nos acasalarmos. Seria uma forma de busca inteligente para combinarmos nossos genes com o que de melhor existir. Para as mulheres, mais do que para os homens, significa também que é preciso achar um modo para garantir a sobrevivência da prole. Para ambos, esses impulsos mesclam biologia, comportamentos e sentimentos num tal grau, que é quase impossível distinguir onde um termina e outro começa.
A herança evolutiva explica, entre outras coisas, porque sexo e status sempre estiveram intimante ligados. No tempo das cavernas, os protótipos daquilo que os biólogos chamam de "macho alfa" e "fêmea alfa" eram aqueles que tinham maiores poderes de domínio entre os demais de sua espécie; homem alto, forte, caçador habilidoso e dominador. Em matéria de sexo só queria engravidar o maior número possível de fêmeas. Ela era aquela mulher jovem, saudável e com potencial para gerar muitos filhos. Seu objetivo, mesmo inconscientemente, era engravidar de um macho capaz de lhe dar a prole mais apta a sobreviver e encontrar um provedor que lhe ajudasse a alimentar e proteger os filhos. Portanto, a meta da evolução não era outra que não a procriação. E se procriar era o objetivo, é de se supor que desenvolveram estratégias para transmitir seus genes.
O home da idade da pedra também era insaciável. Há evidências arqueológicas indicando que era comum ele ter mais de dez mulheres, uma espécie de harém cujo palácio era a caverna da família.
Para os cientistas, o fato dos homens serem 15% maiores que as mulheres é um indicativo que havia muita competição violenta entre os machos ancestrais pela disputa das fêmeas. É talvez aí que se encontra o início da infidelidade feminina. Enquanto os vencedores conseguiam propagar os seus genes à vontade, aos perdedores restava se aproveitar dos vacilos de seus rivais quando estes estavam fora, em uma longa caçada, por exemplo, para ter acesso às mulheres. Tratava-se, portanto, da esperteza com o uso do cérebro para seduzir. Isso explica porque não apenas os homens mais fortes e grotescos, mas também os mais espertos e inteligentes conseguiam propagar seus genes. Uma estratégia utilizada pelos machos mais inteligentes era o de ser amigo dos machos alfa. Assim eles podiam estar sempre próximos às mulheres par também propagar seus genes na ausência do "amigo". Esta tática ainda continua sendo usada em nossos dias; se o indivíduo não é o líder do "pedaço", pode tirar proveito da amizade com o maioral.
Não há como negar que todos nós pensamos muito em sexo. E o nosso cérebro é, na verdade, um aparelho que sabe nos orientar como cortejar o sexo oposto. Assim como o pavão exibe sua beleza, o cervo exibe seus chifres, o homem moderno tem como principal ornamento o seu cérebro. Tanto o pavão como o cervo podem se exibir e partir para o ataque. O mesmo não acontece com o homem. Ele precisa usar seu cérebro para se fazer atraente à parceira pretendida, para que esta concorde com seus objetivos. Os requisitos são extensos: charme, percepção, assunto, senso de humor, bons modos, educação refinada, cultura, etc. A boa aparência ajuda muito, mas não é decisiva. De nada adianta um homem ser lindo se nada de interior tiver a oferecer. Homens e mulheres são guiados, em grande parte, pelos aspectos biológicos, mas a evolução colocou na espécie a inteligência como fator importante para os chamados genéticos que, desde tempos ancestrais, vem se misturando e hoje convencionamos chamar de cultura.
A educação, a cultura e a vida em sociedade já conseguiram igualar a maioria das habilidade entre os sexos, mas certas diferenças continuam marcantes. Qualquer casal já passou por alguma discussão acirrada e ficou remoendo como seu parceiro o o magoou. Mas, passado algum tempo, o homem é capaz de jurar que nem mais lembra do episódio. Já a mulher tende a guardar as mágoas. Vários estudos indicam que nenhum dos dois está mentindo. É que a quantidade de circuítos cerebrais usados pelos dois é muito diferente. A mulher que passa por uma emoção dessa, ativa muito mais circuítos cerebrais do que o homem e por isso tende a manter o fato na memória por mais tempo.
Na maioria das espécies o desejo sexual é uma estratégia para propagar os genes. Entre homens e mulheres o desejo sexual é hoje uma estratégia para obter prazer sexual. O prazer é tão decisivo para a espécie humana que se credita a ele o fato de os homens terem desenvolvido várias formas para a troca de prazeres. As mulheres parem ter, desde sempre, apreciado o estímulo tátil que o homem, com mais habilidades, é capaz de lhe proporcionar maior prazer, além de cativar suas emoções mais profundas. Ao longo do tempo, os homens foram se adaptando às exigências das mulheres - porque elas precisam ser mais seletivas - e acabaram adquirindo a aparência que tem hoje. Alguns estudos indicam que é a implacável seleção sexual exercida pelas mulheres que tem proporcionado homens mais bonitos e com aparência mais saudável. Segundo esses mesmos estudos, os homens saudáveis costumam ter sêmen mais saudável e que a forma externa é demonstrada pela beleza estética natural; a artificial, no entanto, seria uma forma de falsificação da realidade.
É natural que os ecos do passado primitivo ainda se imponham. Foi uma trajetória longa; tão longa que poderíamos dizer que a civilização representa apenas 1% de sua trajetória e que nos outros 99% estivemos á mercê dos instintos.
A mulher moderna tem sofrido expectativas e frustrações amorosas porque a competição está muito acirrada. A escassez de machos alfa está na raiz do fato de que muitas mulheres tendem a ver suas iguais como inimigas. Elas não aceitam as infidelidades sexuais do parceiro, mas o que elas realmente temem é a traição emocional. Essa é a que pode lhe roubar o provedor e jogá-lo nos braços de outra.
Atualmente, em sua busca ancestral pelo melhor material genético, levadas pelo desejo, as mulheres "pulam a cerca" de fato. A vida social de nossos dias tem facilitado às mulheres "pular a cerca" sem dar na vista. Nos Estados Unidos foram feitos estudos que indicam ser 10%, em média, o número das crianças que não são filhos biológicos dos maridos de suas mães, e sim frutos de escapadas conjugais. A voracidade sexual masculina é reflexo da velha meta biológica de fecundar o maior número possível de parceiras. Embora sejam evasivas, as estatísticas sugerem que os homens tem pelo menos três vezes mais relações fortuitas que as mulheres - o tal sexo casual. Já as chamadas "garotas liberais", podem até existir em maior número do que antigamente, mas ainda são uma exceção à regra. As mulheres que praticam sexo casual sempre foram minoria e, mesmo com a liberação feminina, continuam a ser um fenômeno restrito aos grandes centros urbanos, onde podem ter relações anônimas sem ferir sua reputação.
Entre os homens, os amigos também podem ser rivais traiçoeiros; os companheiros mais íntimos de um homem são aqueles que tem mais condições de vir a traí-lo; sob o manto da fraternidade, podem acalentar desejos inconfessáveis pela namorada alheia e, com sorte, até concretizá-los.
A evolução forneceu aos machos humanos uma característica psicológica que as mulheres detestam: eles, num determinado momento, são capazes de se apaixonar perdidamente e fazer as maiores juras de amor, mas, logo em seguida se desinteressam totalmente da parceira.
A psicologia evolutiva mostra que o modo de pensar do homem moderno muda radicalmente quando está à procura de uma parceira fixa. Quando isso acontece, ele se revela tão seletivo quanto qualquer mulher. Para ele trata-se de um alto investimento parental, uma futura prole. Abdicam da estratégia de propagar seus genes com o maior número de fêmeas possíveis e passam a apostar tudo numa eleita. Nessa hora ele pode até enumerar inteligência, simpatia e companheirismo como atributos desejáveis numa mulher. Mas a herança ancestral faz com que procurem, acima de tudo, outras qualidades como saúde, beleza e juventude. Por outro lado, existem mulheres e homens com sentimentos intensos e passionais. É verdade que não escolher ser desse jeito, mas não conseguem evitá-lo. São pessoas que se apaixonam muitas vezes e quando isso acontece se esquecem do resto do mundo e mergulham no seu mais noivo afeto. Depois de um tempo (que é variável), a paixão cede e muitas vezes vem o sentimento de culpa e arrependimento por ter traído. Aí voltam arrependidos e cheios de amor pela parceira ou parceiro fixo. São pessoas cuja paixão se fortalece na ameaça e no risco de destruição; ainda assim não tardarão a repetir tudo o que aconteceu.
Todos os indivíduos, homens e mulheres, são potencialmente infiéis; somente quando amam de verdade conseguem, sem esforço, renunciar às experiências extraconjugais. Os motivos da fidelidade variam. Covardia ou medo de perder o ser amado são os mais comuns. Outros resistem ás tentações para não ferir o parceiro. Alguns são fiéis somente para não atravessar o conflito de amar duas pessoas simultaneamente. Até os radicalmente fiéis admitem que às vezes sentem desejos de viver novas experiências, o que não significa que o façam.
Nicéas Romeo Zanchett
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