Para quem é religioso, não cobiçar a mulher do próximo é o mandamento, masa...
Embora não existam provas, sabe-se que Adão cometeu adultério com muitas mulheres - que além disso eram suas filhas - e isso é outro "pecado" conhecido como incesto. Mas, quem sabe pensar percebe que ele não outra alternativa. Portanto, o adultério é tão antigo quanto o próprio homo-sapiens.
Mas, apesar de tanta "traição" o homem está sempre à procura de uma nova justificativa para sua última "escapada".
Se para a mulher o adultério é um drama dentro de outros dramas, para o homem é bem mais simples e facilmente justificável.
Seria praticamente impossível alinhar a totalidade das razões pelas quais os homens trocam temporariamente de alcova. Se é verdade que cada cabeça tem uma sentença, também é certo que cada marido tem seu motivo e visão pessoal da própria infidelidade.
A busca de uma solução para evitar a monotonia do casamento geralmente se transforma em mais um problema. Mas, em meio à infinita diversidade das motivações que levam ao adultério e das relações que sucedem à sua consumação, é sempre possível descobrir linhas gerais de comportamento e agrupar os indivíduos de acordo com as suas tendências adúlteras.
Entre as numerosos classificações da "adulterologia", fiz uma relação das mais aceitáveis, sigamos assim.
O religioso Tem sempre a desculpa de que a carne é fraca e a tentação o venceu. O pecado é condição "sine qua non" para o arrependimento - que na verdade nunca chega. Como existe a confissão tudo pode ser perdoado pelo padre. Portanto, não há motivo para abominá-la, pois é dentro de tal invólucro que temos de continuar nossa caminhada por esse vale de lágrimas. Quem não cai não se levanta; e assim todos continuam caindo e se levantando após uma boa confissão.
O vítima da natureza humana - Ser adúltero é condição natural da sua própria natureza do homem. Fruto da cultura de massa que ele não pode mudar. Sua filosofia é: não tem como mudar a natureza humana. Sua vida sexual é extremamente ativa e o mesmo não acontece com a esposa que não liga para sexo. Esse vazio tem de ser preenchido com o adultério. Seu raciocínio preferido é: "ela produz apenas um óvulo por mês e, portanto, está predisposta à monogamia; eu produzo milhões de células germinativas por dia - logo, nasci para a poligamia."
O discípulo de Ellis - Embora nunca tenha lido uma só página do Dr. Albert Ellis, é seu incondicional discípulo. Ouviu um amigo dizer que o psicoterapeuta norte-americano afirmou certa vez que nada melhor do que um adulteriozinho de vem em quando para aliviar as tensões e reavivar as chamas do casamento. De acordo com essa teoria, cada escapulida deveria ser seguida de uma espécie de nova lua-de-mel com a esposa, mas é importante que ela nada saiba do ocorrido. Embora ainda não tenha alcançado os resultados pelos quais espera, continua tentando com máximo empenho.
O Shakesperiano - Este nunca tem a oportunidade de se arrepender das infidelidades, pois o seu tormento começa no instante em que pensa em trair a parceira. É o Hamlet dos traidores. Fica o tempo todo repetindo para si mesmo: "trair ou não trair, eis a questão". Versado em filosofia existencialista, acaba por fazer conscientemente a escolha: será adúltero, mas continuará angustiado e arrependido. É o tipo que guarda poemas, ensaios e talvez até diários, onde metodicamente registra, de forma cifrada, suas constantes "puladas de cerca" e suas angustiantes dúvidas que nunca lhe saem da cabela.
O revoltado - Ele está convencido de que não tem vocação para o adultério, mas infelizmente cometeu o incorrigível erro de casar com uma mulher religiosa e criada dentro dos mais rígidos princípios de moral. Acho que ela sempre tem razão para recusá-lo e isto torna a vida do casal árida e insípida. Está convencido de que a ama perdidamente e só pratica adultério como uma forma de protesto contra sua submissão aos tabus da esposa.
O diplomata - Ele nasceu com a vocação de ser político. Para ele o adultério é uma espécie de jogo democrático onde para obter vantagens está obrigado a fazer concessões; sua forma é elaborada para amaciar o terreno e dessa forma tornar menos deletérios os resultados da crise conjugal quando, certamente, um dia explodirá. Ele sempre procura agradar a esposa com bastante antecedência, como uma forma de campanha bem planejada. Para preparar o caminho ele proporciona toda a diversão possível com fins-de-semana agradáveis, presentes caros, flores e tudo mais que estiver ao seu alcance. E assim, depois da sua escapulida, fica com a consciência tranquila.
O imoral tranquilo - Sua característica mais notável é a própria tranquilidade em trair. Simplesmente não se preocupa com qualquer justificativa para o adultério e também nunca sente nenhum arrependimento depois de ter traído. É o tipo de homem que troca de cama da mesma forma que troca de cueca. Ele faz tudo com a maior tranquilidade. Para não dar nada errado e não perder tempo, deixa o escritório uma hora mais cedo, dá uma passada na casa da amante e chega em casa a tempo de assistir a novela na TV e jantar com a esposa. Muitos, para mostrar sua dedicação até ajudam a esposa lavar e guardar a louça, cuidar da crianças. No dia seguinte tudo volta à rotina com se nada tivesse acontecido.
O conquistador triunfante - Este é o tipo mais raro dentro do grande ramo dos impenitentes. Vai para o adultério com quem vai para uma festa com amigos. Na infidelidade, não busca apenas uma satisfação de natureza física, mas a realização da própria personalidade. Por isso, escolhe sempre as mulheres mais difíceis, em autênticos redutos entre os quais fracassaram os esforços dos seus amigos paqueradores. Necessita provar para si mesmo que, apesar de sua aparente ingenuidade, é capaz de conquistar mulheres mais jovens e mais belas do que aquela com quem está casado. Em casa, a menos que seja insensatamente provocado, jamais se trairá. Seu comportamento habitual diante da esposa e filhos é de altiva condescendência, sempre ditada pela sua inata superioridade.
O arrependido - Este é um verdadeiro ator, capaz de interpretar tão bem quanto o famoso Vitório Gasman - o grande ator italiano já falecido. É o tipo solitário e pouco numeroso dos adulterinos. Age como se tivesse o propósito de ser pego em flagrante. Isto não sendo possível, carregará consigo todas as provas do crime - cartas, endereços, manchas de batom, chaves estranhas,números de telefone, etc. Isso o ajudará que, mais cedo ou mais tarde, seja descoberto pela esposa. Quando o desastre acontece ele logo confessará ser um pobre miserável, um fraco, um injusto, uma espécie de objeto sexual descontrolado. É capaz de ajoelhar-se diante da esposa, chorar na presença dos filhos e jurar que nunca mais trairá. No dia seguinte, é claro, partirá para uma nova aventura, sem a qual não conseguirá representar outra vez a sua preferida cena dramática.
O lógico - Seu cérebro trabalha na base das distinções. Em questão de adultério, estabelece nítida diferenciação entre infidelidade sexual e infidelidade humana. A primeira é aquela escapadinha sem importância, que ele dá de vez em quando a fim de arejar as idéias. A segunda seria faltar com o carinho à esposa adorada e descuidar-se dos sacrossantos deveres para com a prole. E isto ele jamais fará. E dessa forma a vida transcorre como ele gosta.
O amor é o amor que move o mundo. Ele é cantado,debatido, revirado e vivido intensamente, mas a verdade é que ninguém até hoje conseguiu compreender os verdadeiros mecanismos que guiam este sentimento. Devido a essa aura de mistério que o cerca, ele é um dos temas que mais fascinam os homens. Mas, na ânsia pelo esclarecimento do que parece incompreensível sempre surgem novas teorias.
Ao que parece, nos dias de hoje, os homens dão mais valor à parte física das mulheres e estas ao status social dos homens. Na verdade, a beleza é a característica mais desejada para ambos os sexos; afinal é este o primeiro canal de comunicação entre os casais e a partir daí são estabelecidas as novas etapas de avaliação mútua. É que quando homens e mulheres partem para a conquista, os critérios de seleção de um parceiro ou parceira são praticamente iguais. A verdade é que trair ou não trair é algo que sempre está na cabeça das pessoas compromissadas.
Nicéas Romeo Zanchett
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