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domingo, 26 de setembro de 2021

AMOR, DINHEIRO E SOLIDÃO


      O único motivo que justifica a união de duas pessoas é o amor e a emoção. Para manter essa união é necessário, antes de tudo, muita sinceridade, cumplicidade e compreensão. É preciso viver o dia-a-dia com muito interesse de se conhecer melhor e expandir as inúmeras possibilidades do corpo e da convivência. 
            Qualquer relação amorosa que seja condicionada e rotineira leva, inevitavelmente, ao desinteresse sexual.

         O orgasmo mútuo é o resultado espontâneo do encontro de dois amantes. É uma chama que precisa ser mantida, pois, do contrário o melhor é apagar e partir para outro relacionamento.  

          Após separar-se da mãe, o ser humano encontrou na união conjugal uma maneira para sentir-se amparado. Muitas vezes essa união é levada de forma robotizada, sem emoção e apenas para manter um casamento falido. O medo da solidão é tanto que as pessoas abrem mão de tudo e vão fazendo inúmeras concessões para manter uma relação estável e fria. 

            A quantidade de relacionamentos infelizes que continuam  sendo sustentados por puro medo ou falta de saída é enorme; são pessoas que vivem em casamentos péssimos e acham que é normal. O dinheiro vira sinônimo de amor e a vida do casal se torna uma grande e confusa mentira. 

             A maneira de dar, receber, gastar ou acumular dinheiro revela frustrações emocionais que se arrastam da infância por toda a vida.

           Existem pessoas que têm muito dinheiro, não conseguem gastar consigo mesmas e saem à procura  de alguém que nada lhe dará em troca. Mesmo com toda a sua generosidade, acaba sempre frustrado  e sentindo-se indigno de amor. 

           Comprar a felicidade não é uma forma saudável de se realizar. São situações mal resolvidas que acabam por tornar essas pessoas em sovinas e incapazes de dar afeto para alguém ou para si mesmo. 

            São muito comuns os casos de mulheres ricas, com baixa auto-estima, envolvidas com homens financeiramente falidos. O dinheiro é usado para esconder um profundo drama afetivo que muitas vezes tem origem na infância e na forma como seus pais lidavam com o vil metal.

          O importante é descobrir a tempo que dinheiro não é amor; pode trazer conforto e até algum prazer, mas a verdadeira felicidade  se conquista com saúde psíquica e não com uma polpuda conta bancária. Na verdade o dinheiro nunca é capaz de substituir  o afeto que necessitamos.

           O dinheiro seduz porque alimenta a ilusão de suprir as faltas e as necessidades emocionais, de sentir-se a salvo de contratempos da vida e de ser possível comprar a própria auto-estima. Relacionamento onde o dinheiro define tudo é uma forma de transformar as pessoas em objeto sem valor para provar seu poder sobre elas. 

            Estamos vivendo num mundo em que a estética material  prevalece sobre a da amizade, da solidariedade, do afeto e das emoções espontâneas. Muitos precisam, de todo o dinheiro do mundo para sentirem-se realizados. Isto expõe o verdadeiro sintoma da melancolia que tenta suprir o gigantesco vazio afetivo do ganancioso. É importante observar que essas pessoas assim se transformam em prósperos empresários, mas nunca deixam de ser maníacos-melancólicos que fazem da falta de afeto uma permanente compulsão por dinheiro. É só assim que encontram a segurança para sua fragilidade emocional.

Nicéas Romeo Zanchett 

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