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quinta-feira, 26 de julho de 2018

BENEFÍCIOS DA MASTURBAÇÃO

                



                 O preconceito com uma atividade natural e sadia que envolve o prazer de descobrir o próprio corpo e o prazer conduzem à culpa e à vergonha. Por isso, a masturbação é frequentemente vivida como um tabu, algo impróprio e escondido.
                  Conhecer o próprio corpo é um processo natural e enriquecedor, experimentado pela criança mas, não raro censurado pelo adulto, geralmente por questões religiosas; é um assunto que os pais evitam conversar com os filhos, principalmente do sexo feminino; a palavra está intimamente associada ao pecado e proibição.  
             Falando da sexualidade feminina, Sigmundo Freud, dizia que tratava-se de uma questão muito delicada e que difere inteiramente da masculina. Afinal de contas, o homem tem apenas uma zona erógena principal, um só órgão sexual, ao passo que a mulher tem duas: a vagina, o órgão genital propriamente dito, e o clitóris, análogo ao órgão masculino. 
         Por mais liberais que sejam, muitas mulheres ainda carregam de culpa o ato da masturbação. Mas não há porque ter medo do prazer que seu corpo pode lhe dar. 
                Para o menino, a mãe continua sendo o principal - que ele considera o único - amor de sua vida; portanto, em  suas primeiras fantasias ela sempre estará presente. Essa obsessão pela mãe vai pouco a pouco sedendo espaço a novas fantasias com amiguinhas que lhe são atraentes. 
                Já o desenvolvimento da sexualidade feminina é mais complexo. Ela tem a tarefa de abandonar o que originariamente constitui sua zona erógena genital - o clitóris - em favor de outra, a vagina, bem como trocar seu objeto amoroso original  - a mãe - pelo pai. No entanto, nem sempre este caminho é percorrido pela mulher. Parece-nos muito evidente que as meninas se masturbam com menos frequência, menos energia e mais pudor do que os meninos. E sempre a masturbação feminina é mais carregada de culpa devido às proibições infantis e à intensa pressão social, que interferem e perturbam o curso natural dos processos de seu desenvolvimento. 
                 Hoje as mulheres vão para a cama exigindo reciprocidade de prazer. Elas querem orgasmo tanto quanto o parceiro. Transar pode ser uma brincadeira, mas o beneficiado não pode ser apenas um. No entanto, não são poucas as mulheres que dão prazer ao marido e depois, para gozar, se masturbam escondidas. Por maiores que sejam a experiência e a segurança de um homem em relação às mulheres, sempre haverá um momento em que ele se perguntará sobre a sua verdadeiras capacidade de dar prazer a elas. Isso vem acontecendo depois que um número maior de mulheres passou a exigir o seu direito ao prazer e a usar uma parte de seu corpo (até então relativamente desprezada pelos homens) como uma das fontes mais importantes desse prazer: o clitóris. O grande veículo de glorificação do clitóris foi o Relatório Hite Sobre a Sexualidade Feminina, publicado em 1976. Sua repercussão entre as mulheres foi tão grande que alguns homens se assustaram e passaram a classificá-lo como um "manual de masturbação feminina". 
                   Mesmo com toda a liberdade sexual, hoje ainda existem muitos preconceitos e tabus em torno da masturbação. Sentimentos contraditórios, como vergonha e culpa, se misturam às antigas crenças de que se masturbar faz mal ou pode levar à frigidez e até à loucura. Com isto perde-se a chance de conhecer o próprio corpo e descobrir o prazer de se dar prazer.  Esse exercício solitário nos leva a conhecer os limites do próprio corpo e também onde está o prazer.  
                  Desde a antiguidade que que a "pseudo cultura" e a religião fazem o possível para acabar com as fantasias sexuais. Isto equivale  dizer que existe certos seres humanos sem imaginação e com "maus pensamentos", sem desejos sexuais ocultos, e que vivem bloqueando o sexo. 
                Vivemos um momento histórico muito difícil, principalmente para os adolescentes. Os riscos de contrair DST é enorme. A masturbação é a forma mais "segura"  de sentir prazer e a melhor forma de conhecer o próprio corpo para ter mais satisfação na relação a dois. Além disso, o sexo solitário é fundamentalmente uma forma de relaxar. 
                 Muitas mulheres levam a masturbação do seu parceiro para o lado pessoal. Temem que não estejam dando conta do recado ou que não a desejam mais. Grande engano. A masturbação do parceiro, nem de longe, deve ser encarada como rival. Ao contrário, pode ser uma boa aliada que irá ajudá-la porque ele conhecerá melhor o próprio corpo e, assim, terá mais criatividade na hora do amor. 
        As mulheres apresentam uma tendência a canalizar o interesse sexual única e exclusivamente para seu parceiro. Mas o que elas não sabem ou não percebem é que, muitas vezes, são a inspiração e deveriam sentir-se lisonjeadas pela homenagem solitária que ele está lhe fazendo. Para provocar um orgasmo, o homem, além da fricção, precisa da imaginação; imaginar aquela "gostosa" que ele quer só para si. Estudos clínicos já derrubaram a velha teoria feminina de que quanto menos sexo o homem fizer em em casa, maior será sua necessidade de se masturbar. 
                 No final de 2008, alguns sociólogos da Universidade de Chicago fizeram uma pesquisa sobre o sexo solitário nos Estados Unidos. Colheram depoimentos de 3.116 pessoas de 18 a 60 anos, sendo 1.769 mulheres e 1347 homens. A pergunta era: "Nos últimos 12 meses, com que frequência você se masturbou?" A primeira conclusão foi que os homens se masturbam pelo menos uma vez por semana, mesmo depois dos 50. Já as mulheres começam aos 20, com uma média de uma vez por mês, e, depois dos 40, quase nem se lembram de conversar a sós com a amiga mais íntima. O estudo - publicado no Journal of Sex and Marital Therapy - quebrou paradigmas sexuais importantes ao mostrar que a masturbação não é uma forma de compensar a falta de sexo, embora, muitas vezes ajude. A conclusão principal é que mesmo estando numa relação sexualmente estável e mais intensa, tem maior propensão ao prazer solitário. 
                 Um estudo australiano chegou à conclusão de que a masturbação não é apenas prazer, mas também faz bem à saúde. Eles aprofundaram estudos sobre as pesquisas feitas pelo casal Masters e Johnson que estudou mais de 2.000 homens  entre 40 e 69 anos. Comprovaram que os homens entre 20 e os 50 anos que tiveram mais ejaculações foram menos afetados pelo câncer de próstata. A masturbação também ajuda diminuir o estresse e a ansiedade, e deveria ser recomendada por médicos e psicólogos como forma tratamento. 
                
Nicéas Romeo Zanchett 

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